sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sobre negros e viados

Gosto de televisão e gosto de dirigir ouvindo qualquer coisa da CBN. Ontem à noite, me emocionei, no Cladestinos, com o Quixote de Pedro Gracindo e me indignei com a verdade desnuda na conversa de 60 segundos travada por Júnior e Eduardo, dois atores negros, sobre o racismo no Brasil, inclusive no campo da arte. Hoje depois do almoço, foi a vez que me indignar com o cinismo homofóbico reiterado de um deputado do qual não escrevo nem o nome (para não gerar pontos para o infeliz nas buscas do Google), mas me identifico plenamente com a justificada indignação da comentarista Rosean Kennedy sobre o episódio. Como respeitar um parlamento que põe um sujeito dessa espécie na Comissão de Direitos Humanos de Minorias?

Aqui vai a "crônica do planalto" e abaixo o trechinho de Clandestinos.



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Agendado com antecedência


Não ficou definido o dia, mas está escrito no meu cartão de vacinas (sim, eu tenho um!) que devo voltar ao posto de saúde, em novembro de 2020, para mais uma dose contra a febre amarela. O compromisso foi marcado ontem, depois de 17 páginas de espera (porque ultimamente meu tempo em filas se mede por páginas lidas), junto com uma dúzia de bebês. Os mais velhos éramos o Pedro e eu: ele com 4 e eu com 42... Antes de mim, foram a Sarah e o Miguel, ambos na fase em que se acorda às 11 da manhã, apenas quando agulhas ferem o bumbum ou algo com semelhante gravidade. Nem barulho, nem calor, nada atrapalha a modorna... Júlia e Maria Eduarda, que chegaram depois de mim, já tinham comportamento de gente grande. A primeira na fase hippie, rindo para todo mundo, mesmo para os de cara feia, com quem eu brinquei de esconde-esconde atrás de "A virada cultural", de Fredric Jameson. A segunda, mais gente grande ainda, não aguentava nem ficar no corredor: eram os pais irem se aproximando, ela abria o berreiro e apontava para a porta de saída aos prantos e a plenos pulmões: sabia que aquele lugar não reservava coisa que preste; melhor pular fora.

"Pais", aliás, é força ondorcêntrica do hábito, porque quem fica nos corredores dos postos de saúde, quem segura as pernas dos filhos para tomar vacina são as "mães". Ontem, por exemplo, os pais eram tantos quantos as avós: três, no máximo, e nenhum estava só e tampouco aceitou entrar na sala das agulhadas: "Com tanto conhecimento que existe", reclamou a mãe do Miguel, "e ainda não inventaram nada para evitar essa tortura com os pobrezinhos: devia ter um jeito de imunizá-los ainda na barriga da mãe".

Nunca tinha pensado nisso, certamente porque nunca precisei segurar pernas de bebês em vacinação, mas concordei na hora. Na hora e logo depois também, quando foi a minha vez de tomar uma no braço direito e outra no esquerdo, após de uma conferência entre as enfermeiras, que sentenciaram a isenção do meu traseiro para a empreitada. Sem falar em que novembro de 2020, além de ter dia de finados e proclamação da república em pleno final de semana, ainda terei de repetir a dose... Ninguém merece!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mulheres sobre Mulheres

Um dos meus argumentos sobre o valor de uma espécie de "educação para a recepção crítica aos media" tem a ver, por um lado, com o elevado grau de exposição a que todos nós estamos expostos e, por outro lado, pela absoluta necessidade de desenvolver critérios capazes de distinguir, minimamente, o joio do trigo, cada vez mais indecifráveis sob capas e capas de maquiagem, iluminação, edição e o diabo a quatro. Um bom treino, nesse percurso, é assistir o episódio abaixo do "Entre Aspas", com três mulheres chamosas e inteligentíssimas debatendo sobre uma quarta mulher, Dilma Rousseff na presidência, e depois ler (só depois, se conseguir não morrer de curiosidade) um texto de uma quinta mulher ingualmente charmosa e inteligente, a respeito de um, digamos, deslize revelador das questões de gênero que precedem, perpassam e transcendem àquele debate. Aviso aos navagantes que o programa é mega interessante e envolvente, o que torna a tarefa de detectar o tal "deslize" umé coisa para "iniciados", como um sofisticado jogo de 7 erros...

Sem mais delongas, senhoras e senhores, primeiro Mônica Waldvogel, Marta Suplicy e Fátima Pacheco Jordão e, em seguida, Eliane Gonçalves!



Agora, sim, leia o texto a Eliane Gonçalves.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fui assinante de Veja!

Pronto: confessei! e pouca coisa "vexamenta" sobra para dizer depois disso. A última gota, nessa relação insólita, foi a capa aí ao lado, inocentemente publicada na semana que antecedeu o segundo turno de 2006. Poucas vezes tive a minha inteligência tão afrontada. Liguei na hora e mandei cancelar minha assinatura. Ainda hoje fico furioso quando recebo uma oferta de renovação de assinatura... Uma eleição depois, a Veja quase se superou, com uma matéria, com a isenção de sempre, que faz o paralelo entre Lula e Fidel, com base em um conjunto de fotos.

Não deixe de conferir a leitura da Vanessa Lampert sobre a aberração de 2010.

Viva a inteligência e vida longa às comunicação em rede!