segunda-feira, 16 de maio de 2011

Síndrome psicótica da pesquisa em andamento

achei aqui
SPPA será a sigla brevemente incorporada ao linguajar corrente, para designar uma série de disturbios que acometem 9,5 em cada 10 estudantes de graduação, mestrado e doutorado, porém, já com casos documentados em pessoas em fase pre-escolar quem têm histórico de SPPA na família. Os sintomas são muito variados, mas geralmente começam com uma vontade incontrolável de meter em qualquer conversa o assunto da pesquisa. Não tem dia, nem horário, nem local, nem nada. Vacilou, o/a "sppanóico" sapeca informações de autores, leituras, eventos ou o que seja - geralmente provocando um riso amarelo e um silêncio catatônico do outro lado, porque a maioria das pessoas não está preparada para interromper bruscamente ou dá um tabefe, que são recomendações médicas de como lidar com um paciente em crise.

Há, é claro, muitas outras manifestações como, por exemplo, ter alucinações de ver em todo lugar e a todo o tempo coisas que supostamente estariam relacionadas ao seu campo de estudo - sintoma próximo das perseguições esquizóides. Ou a incorporação de um jargão ultra-mega especializado que traz para o cotidiano termos esdrúxulos e alienígenas como "recorte empírico", "abordagem metodológica", "sustentação teórica" e, talvez o pior deles, "currículo lattes" - assim mesmo com dois "ts". É bem comum também montar grupos de "SPPA anônimos" para trocas de consolações, avisos de que a próxima fase será ainda pior e, sempre, fazer uma espécie de descarrego falando mal dos orientadores.

No auge das crises, perde-se seções de cinema, festas familiares e também os cabelos, enquanto ganha-se peso e o afastamento dos amigos. Dependendo da duração e intensidade, vão-se pelo ralo também maridos, namorados e equivalentes, sem contar os prejuizos materiais com seminários, congressos, livros e, não raro, a incursão do mundo do crime, através da pirataria xerocópica. Plágio é o fundo do poço e a degringolagem definitiva do SPPA no universo da contravenção.

Não cheguei a tanto (porque, sim, sou um paciente crônico), mas sinto que não estou "normal". Ultimamente tenho promovido espécies de arrastões em torno do que seria "Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos" (e, por favor, não me perguntem o que é isso, porque o risco é grande de que eu entre num estado mental caótico irreversível): nas visitas, dou uma olhadela na quantidade de lixeiras das casas de amigos, sondo qual o dia que o caminhão da coleta seletiva passa naquela rua, criei uma seção nesse blog sobre o assunto e, o que me fez escrever este texto, dei de presente uma lixeira para o meu amigo que está de casa nova, junto com uma espécie de catequese de que naquela só poderiam entrar materiais secos e sem meleca. Aí comecei a fica aparovado... acredita que para ser mais convincente e mobilizador, fui a uma papelaria e tasquei um tanto de adesivos personalizadores na bichinha! Diz aí se ela não ficou fofa?