domingo, 18 de outubro de 2009

Vão combate


"Prefiro o erro (se é erro) à negação de si mesmo que é o limite da demência. A vida me fez aquilo que sou, isto é, prisioneiro (se assim se quer) de instintos que não escolhi, mas aos quais me resigno e me entrego"

Assim prepara o arremate de uma longa carta que teria sido escrita no transcurso de um ano e 17 dias, sobre a aventura de assumir a própria condição e encontrar assim, se não a felicidade, pelo menos o sossego.

Pelas mãos de Luiz e Rezende, encontrei "Alexis" nesta meio amarga manhã de domingo e o bebi de um fôlego, entre duas pausas para cochilar, antes que chegasse a hora do primeiro almoço do horário de verão. Texto poderoso, capaz de dizer intimidades sem resvalar para as descrições vulgares, como quem oferece a sensação de liberdade e dor do precipício, apenas nos pondo a um passo do abismo.

Alexis fala das angústias, das negações vãs e dos silêncios que envolvem a existência de quem se sabe diferente. Yourcenar, já na primeira obra de ficção e aos 24 anos, demonstra com soberba a capacidade de usar a palavra para eclodir a dúvida e minar as convicções sobre o estabelecido. Sem panfletarismo, mas sem concessões.

Um comentário:

  1. Quando um livro pega a gente assim, numa manhã de domingo, consegue amenizar qualquer amargura, não? Obrigada pela visita e estou esperando resposta do email. Bjos!

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