quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Agendado com antecedência


Não ficou definido o dia, mas está escrito no meu cartão de vacinas (sim, eu tenho um!) que devo voltar ao posto de saúde, em novembro de 2020, para mais uma dose contra a febre amarela. O compromisso foi marcado ontem, depois de 17 páginas de espera (porque ultimamente meu tempo em filas se mede por páginas lidas), junto com uma dúzia de bebês. Os mais velhos éramos o Pedro e eu: ele com 4 e eu com 42... Antes de mim, foram a Sarah e o Miguel, ambos na fase em que se acorda às 11 da manhã, apenas quando agulhas ferem o bumbum ou algo com semelhante gravidade. Nem barulho, nem calor, nada atrapalha a modorna... Júlia e Maria Eduarda, que chegaram depois de mim, já tinham comportamento de gente grande. A primeira na fase hippie, rindo para todo mundo, mesmo para os de cara feia, com quem eu brinquei de esconde-esconde atrás de "A virada cultural", de Fredric Jameson. A segunda, mais gente grande ainda, não aguentava nem ficar no corredor: eram os pais irem se aproximando, ela abria o berreiro e apontava para a porta de saída aos prantos e a plenos pulmões: sabia que aquele lugar não reservava coisa que preste; melhor pular fora.

"Pais", aliás, é força ondorcêntrica do hábito, porque quem fica nos corredores dos postos de saúde, quem segura as pernas dos filhos para tomar vacina são as "mães". Ontem, por exemplo, os pais eram tantos quantos as avós: três, no máximo, e nenhum estava só e tampouco aceitou entrar na sala das agulhadas: "Com tanto conhecimento que existe", reclamou a mãe do Miguel, "e ainda não inventaram nada para evitar essa tortura com os pobrezinhos: devia ter um jeito de imunizá-los ainda na barriga da mãe".

Nunca tinha pensado nisso, certamente porque nunca precisei segurar pernas de bebês em vacinação, mas concordei na hora. Na hora e logo depois também, quando foi a minha vez de tomar uma no braço direito e outra no esquerdo, após de uma conferência entre as enfermeiras, que sentenciaram a isenção do meu traseiro para a empreitada. Sem falar em que novembro de 2020, além de ter dia de finados e proclamação da república em pleno final de semana, ainda terei de repetir a dose... Ninguém merece!

2 comentários:

  1. a minha de febre amarela ta vencida há dois anos.

    42 anos?

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  2. E como é que vc se arrisca a vir ao Centro Oeste e ao Norte, seu biruta? Sim, 42... com corpinho de 41 - hihihih

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