Bruno, o mais velho, chegou para fazer o primeiro estágio de meio de curso, no campus Recife do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco; Amanda, a mais alta, estava nos dias de se matricular e conhecer as instalações da escola técnica para a qual fora recentemente aprovada e onde fará um curso em turno integral; Fedra, a de olhos de águia, não chega a ser doce, porque a força incorporada do nome mítico não permite, mas está surpreendentemente mais calorosa; Zara, o broto mais recente, entretanto, é quem vive seus dias de glória, concentrando todos os olhos, mimos e maternações.
No alto dos seus três meses dados à luz, vive o tempo do aprendizado extremo e não se envergonha de se admirar. Se a novidade é grande, e pouca coisa pra ela é corriqueira, faz os olhos de jaboticaba conhecerem a abertura máxima, como quem quer levar para o lado do conhecido qualquer coisa que se deu a conhecer. Ela inteira também faz-se enigma, suscitando interpretações as mais variadas: o sinal das costas diz que terá pele negra; os pés grandes prenunciam uma mulher alta; o choro raro e o riso abundante garantem que será boa gente; quem sabe dos dedos longos não escorram música?
Aguardada por tantos verões, demorada, apreensiva e coletivamente, Zara dissipou o último vestígio de dúvida quanto à radicalidade do amor aos filhos gerados no coração. Domingo a oito, além de sobrinha, ela será oficialmente minha afilhada. Darei a ela o livro de pano que, felizmente, não encontrei pra comprar, que foi projetado por mim e costurado por mamãe – a avó que quase sofre porque Zara não reclama de ficar no berço e que a chacoalha num repetido “twururu-twururu-twururu”, música em falsete que, a seu tempo, acalentou acalentou cada um de nós e que de Zara já arranca risadas dobradas.
Como no livro, contarei para ela os mistérios das lagartas que se transformam em borboleta, dos feijões que viram árvores, dos ovos xadrezes que viram guiné, dos dias que viram noite, das noites que viram dia... de meninas nascidas de fadas que transformam Vida em Felicidade. Foi assim quando o primogênito chegou, igual com os que lhe seguiram, e agora plenamente outra vez.
Este padrinho vai ser a fortuna de Zara .
ResponderExcluirAgora entendi o email, mas, neste caso, ninguém é melhor indicado do que uma avó e um padrinho. Porque este livro não é feito de tecido e sim de afeto. Delícia os relatos desta viagem!
ResponderExcluirAté me dei a liberdade de enviar esse último trecho a uma amiga que compartilha desses pequenos encatamentos :)
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