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Sinos, meninos/as e texturas
Como
sou um cidadão, digamos assim, caseiro, tenho de armar planos para não ficar
enfurnado, ainda mais quando tenho o estímulo de ter de me paramentar inteiro
antes de por o pé na rua, em qualquer dia ou horário... Hoje, devido ao monte
de atividades de estudo, saí para comprar batata e cenoura, nada mais. Na
frente do supermercado, porém, havia um senhor templo que, justo naquela 10h30,
chamava fiéis para o culto, com sinos suaves como não havia escutado.
Resultado: caí no canto da sereia, atravessei a rua e entrei. Dentro, uma luz âmbar,
filtrada por vitrais gigantes de ambos lados da nave central, dava um clima de
útero, reforçado por uma disposição semicircular dos bancos centenários, com um
declive semelhante a teatros de arena, que possibilitam ver tudo e todos de
todos os lados, sem fazer esforço algum. Quando começou o culto não restou mais
dúvida sobre a razão do órgão de tubo ocupar o lugar do altar-mor das igrejas
católicas: na Westminster Church a
música tem uma centralidade indiscutível, como seria provada nos hinos entoados
pela assembleia, pelo coral ou pelas solistas.
Duas curiosidades
a mais: o cumprimento da paz foi um momento bem gostosinho das pessoas
conversarem de verdade e não apenas cumprirem uma formalidade; e o cuidado com
as crianças foi um toque notabilíssimo: elas participaram na primeira parte do
culto, junto aos pais, até que o pastor pôs um chapéu de palha e pegou uma
vareta com um peixe de cartolina rosa pendurado por uma linha e as convidou
para os bancos da frente. Apesar da indumentária, sem afetação ou papagaiada, conduziu a conversa
mais delicada de que tenho memória sobre pescaria e sobre o recado de Jesus
para “os discípulos pescarem pessoas”. Daí saiu com elas e as outras pessoas da Escola
Dominical, pela lateral, enquanto outra pastora ocupava o púlpito para a Liturgia da Palavra, tendo as
versões lucana (5,1-11) e joanina (21,1-14) do “milagre da pesca” sido lidas e, depois, interpretada num sermão interessante mas longo de doer.
Saí de lá com um riso
de Monalisa na boca, comprei minhas batatas e cenouras e vim preparar meu
almoço. Se quer saber, no mercado tinha até coentro, mas esta história fica pra
depois.
Imagens lindas, melhor ainda saber que sentiu-se aconchegado no templo pelas palavras proferidas e gestos delicados durante a cerimônia. Domingo especial!
ResponderExcluirque fofíssimo tudo. presenciar a un novo culto. comprar batatas e cenoura. Imagens e texto. isso é viver.
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